domingo, 27 de setembro de 2015

a graçola de Pinto da Costa...

"Há uma estratégia clara do FC Porto, que usa, como instrumento dessa estratégia, o Sporting. É a história do... Cavaleiro da Triste Figura.

A sorte nos últimos minutos
Não fujo do problema: o BENFICA perdeu um jogo. Mas perdeu, onde, nas últimas seis épocas, apenas tinha ganho uma vez para o Campeonato.
Perdeu, outra vez, nos últimos minutos.
Que nos sirva de lição, para tudo o que resta da época.
Porque, como sempre disse, seria um jogo que contaria para a história do futebol, mas não vaiCONTAR para a história deste Campeonato.

Compras por atacado sem ganhar nada
Sabem o que penso sobre o grau crescente de conflitualidade no futebol português. E mesmo quando ninguém contribuiu, antes do jogo de domingo, para isso, a necessidade do Porto provocar o BENFICA, mesmo depois de ter ganho, atesta o quanto estou certo.
Nem sequer será preciso invocar Voltaire - «Quem se vinga depois da vitória, é indigno de vencer» - para os classificarmos na hierarquia do género humano (porque, sobre isso, estamos conversados).
Confirmando o que penso, já depois do jogo de domingo, Pinto da Costa afirmou que «o que falta ao Benfica, sobra ao Sporting - Jorge Jesus».
Não passa de mais uma graçola, mas confirmando tudo aquilo que tenho denunciado nos últimos tempos: há uma estratégia clara do Porto, que usa, como instrumento dessa mesma estratégia, o Sporting.
Numa versão portuguesa e (muito pouco) moderna do livro de Miguel de Cervantes: El Ingenioso Hidalgo de Don Quijote de la Mancha... ou a história do Cavaleiro da Triste Figura...
É público e notório que o Porto precisa de ganhar... pelo investimento feito nas últimas 2 épocas, em particular, e pela aposta, pessoal, do seu Presidente, num treinador que teima em pôr os cabelos em pé aos fiéis adeptos daquele emblema.
É público e notório que o Porto - e, muito em particular, o seu Presidente - terão de provar que todas as contratações feitas nestas três últimas épocas, sem nada ganhar, só serão justificadas com o Campeonato, este ano.
É, ainda, público e notório - do que se tem visto, neste início de época e ao longo de toda a temporada passada - que o Porto não convencer com o seu jogo, sendo disso exemplo as opções do seu treinador, que, não raras vezes, são veemente contestadas pelos seus adeptos.
Por esses motivos - públicos e notórios - e como precisa urgentemente de ganhar, o Porto tem de apostar fortemente na estratégia em que tem vindo a insistir, desde o fim da época passada.
Só não vê quem não quer ver ou... quem anda distraído!
Por diversos meios (declarações, entrevistas, blogues, etc.), a estratégia passa, essencialmente, por ataques violentos à arbitragem, por tudo e por nada, mesmo quando são beneficiados, como aconteceu no domingo. 
Estão contra os árbitros e contra Vítor Pereira, em particular, porque sonham com as nomeações de outros tempos.
Mas, perceberam que uma estratégia deste tipo só condiciona se tiver a participação e o empenho do seu dirigente máximo.
Por isso o Presidente fala, sempre, para enquadrar as escolhas, para anunciar o que quer e o que espera quem não quiser o que ele anuncia.
Essa estratégia, imoral nos seus pressupostos, é capaz de tudo e do seu contrário: não é escrutinável porque no futebol não há memória.
Por isso se admite, sem qualquer contraditório de jornalistas e analistas que temem a violência, que Artur Soares Dias tenha passado de árbitro muito contestado, incompetente mesmo, a... árbitro adorado.
Não estranhei a ausência de críticas à sua nomeação, como não estranhei a ausência de cartões vermelhos quando Maxi e Maicon recorreram à mais pura agressão.
O que estranharia era eles terem ficado em campo, se fossem... do BENFICA!!!
Na verdade, fiquei com a certeza de que eles, como jogadores do Porto, sabiam o que podiam fazer... 
Porque sabem até onde podem ir... E podem ir muito longe, porque nenhum dos seus comportamentos - nenhum, mesmo - é sindicável (como o seria no BENFICA e, diga-se, em abono da verdade, no Sporting). 

Um aliado tipo 'pau para toda a obra'
A estratégia poderá, de facto, ter sido urdida com cuidado. Mas peca por defeito! Porque nada chegará para disfarçar a grande falha do Porto e que desde a época passada se tem tornado no maior dos seus problemas: a contratação daquele treinador.
Não querem (ou não podem)REPARAR directamente essa falha.
Pelo que tentam, apenas, disfarçá-la, com um investimento louco e desesperado e com constantes ataques e condicionamentos da arbitragem.
Por muito que isso custe, a quem (situando-se nos meus antípodas) vive o Porto com paixão de adepto (mesmo aqueles que perdem tempo a insultar-me, o que aqui, publicamente lhes agradeço).
Como se tem visto, neste início de época e ao longo de toda a temporada passada, o Porto não tem um treinador como... eles gostariam!
Por isso, como disse e repito, durante esta época (como no fim da de 2014/15) ao mínimo deslize ou imprevisto - é só uma questão de tempo - a culpa será de Vítor Pereira, preparando, assim, a segunda vaga de assalto; tipo wehrmachtalemã (confesso não ser piada aos 6-1 de Munique da época passada).
Mas essa estratégia precisa de um amigo em Lisboa... embora com um problema existencial entre mãos: um treinador que se acha maior do que tudo onde está - quase maior que o seu próprio ego - e um Presidente que pensa, para com os seus botões: «Com aquilo que lhe pago, até com os juniores tem que ser Campeão.»
O Sporting, ao contrário do Porto, não me parece ter qualquer estratégia.
Limita-se a seguir os acontecimentos, a cavalgar as ideias que surgem, o que, algumas das vezes, merece a simpatia e a complacência que temos para com os... românticos (em termos literários, como é evidente). 
Mas quase se confunde com o Porto, na ânsia de, juntos, evitarem a conquista do Tricampeonato pelo BENFICA!
A luta pelo campeonato - nunca é demais repeti-lo, para que esteja bem presente nas nossas mentes - não é a três, como seria suposto, mas, evidentemente, a dois.
Porque, para os outros dois, a nossa derrota serve... só depois se preocupando em cuidar de quem ganha. 
O que levará - não se admirem dentro de poucos dias a que o Sporting também culpe... Vítor Pereira (até do caso Carrillo ou dos desaires na Europa)!

A organização do Benfica
Perante tudo isto... «parece que o mundo inteiro se uniu para nos tramar», como canta Rui Veloso? Não acredito, e mesmo que assim fosse, temos de vencer esse mesmo mundo.
Não numa afirmação contra a conspiração de mais uma guerra das estrelas(cadentes e decadentes) mas com a capacidade e a organização do BENFICA.
Se assim não for, eles ganharão.
Mas - pior - voltaremos ao princípio, com mais dificuldades e menos tempo para recuperar.
Por isso, o melhor é ganhar.
Pelo BENFICA."

Rui Gomes da Silva, in A Bola

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Campeão Europeu: um sonho por concretizar

"Apenas se precisa de 6 jogos de regularidade e depois de 9 jogos onde o nosso desejo de vencer seja superior ao desejo que os outros possam ter.

Começou, esta 3.ª feira, a participação do BENFICA na Liga dos Campeões 2015/16. E logo com uma vitória clara coisa de que estávamos desabituados, nestas andanças, há alguns anos!
Mas e porque vem tudo a propósito, vale a pena falar do que penso ser a real possibilidade de um BENFICA CAMPEÃO EUROPEU.

UMA OPORTUNIDADE QUE NÃO PODEMOS VOLTAR A PERDER
O futebol tem destas coisas! Todos os anos se renovam os plantéis, se preenchem as supostas falhas do ano anterior, se reacendem as esperanças de voltar a ganhar.
No que se refere ao futebol europeu, a participação na Liga dos Campeões é um marco único.
Na passada terça feira, convivi com elementos da estrutura profissional do Astana e percebi a importância que tem poder estar numa competição deste tipo, para quem nela... não costuma estar ou, como era o caso, nunca tinha estado.
Somos, por isso, pobres e mal agradecidos sempre que, podendo aproveitar essa oportunidade, a desperdiçamos sem qualquer valoração extra.
Infelizmente, foi isso que aconteceu ao BENFICA, nos últimos anos.
E nem sequer se poderá dizer que, a esse mesmo desperdício, correspondeu uma hegemonia total no nosso País.
Só aí se poderia perceber o ter abdicado de uma participação de grande nível na Liga dos Campeões para apostar em tudo ganhar cá dentro.
O problema é que não foi essa a realidade que vivemos.
Por isso, este ano não poderemos deixar de aproveitar a oportunidade de passarmos a fase de grupos da Liga dos Campeões e, depois, ir, jogo a jogo, construindo o sonho de, mais ano, menos ano, voltarmos a ver o BENFICA CAMPEÃO EUROPEU!

MALDIÇÕES À PARTE, EU ACREDITO
Sabemos, todos, das histórias contadas e recontadas, romanceadas e deturpadas de uma maldição que nunca o foi nos termos em que, hoje, a damos como certa. Mas, também aí, não basta querer, nem sonhar... para a obra nascer.
É preciso ser consequente, interiorizar que tal é possível, apesar das dificuldades e das poucas hipóteses que vamos tendo.
Porque o primeiro passo para que o BENFICA possa voltar a ser CAMPEÃO EUROPEU... é acreditar. 
Para que, com base nessa ideia, nesse objectivo, nesse fim, tudo seja construído à volta disso mesmo!
Tudo pensado em volta desse desígnio, construído em ciclos de 3 anos, para que voltemos a ser o que a geração dos nossos Pais conseguiu... porque acreditou!
Sem afastar as nossas limitações orçamentais, mas adequando uma estratégia de construção da equipa a esse fim! Sem cometer loucuras, mas potenciando os vectores que nos têm tornado especiais entre os clubes europeus!
Contando com a já famosa formação e... perdoem-me os que não o sentem... com esse adicional de alma que poderemos ter com jogadores que, antes de entenderem o BENFICA como plataforma para outros voos, verão o BENFICAcomo o clube certo para voar muito alto!

UMA EQUIPA, MAIS DO QUE ONZE GRANDES JOGADORES
Contava-me o meu Pai que o segredo da primeira Taça dos Campeões e, depois, da segunda, já com Eusébio, era ter um pouco de tudo.
De grandes jogadores, mas de alguns outros que não virando a cara à luta, eram exemplos dessa raça... à BENFICA!
Podiam, algumas vezes, até, chutar para onde estavam virados, mas nunca se deixavam de se virar para o lugar onde a vitória lhes sorria.
Desses exemplos, dessas vitórias, fixamos, para sempre, a grandeza que, hoje ostentamos.
Não acho, por isso, como se depreende da história recente, que só cheguem às finais os que mais pagam e os que mais gastam.
Como acho possível que voltem a ganhar os que não sendo, porventura, os melhores, provem merecer ganhar porque... o foram em circunstâncias muito especiais.
Apenas se precisa - valendo este apenas tudo o que queiram imaginar - de 6 jogos de regularidade, com uma ou outra excepção de grandes exibições, e, depois, de 9 jogos onde - se é verdade que a sorte tem de ajudar - o nosso desejo de vencer seja superior ao desejo que os outros possam ter.
E, já agora, um Treinador que não perceba só de futebol porque (como muito bem diz o Professor Manuel Sérgio)... «quem só percebe de futebol, não percebe nada de futebol»!

NINGUÉM CONCRETIZA UM SONHO SE NÃO O TIVER
, porém, um princípio anterior, válido para tudo isto. Temos - todos, todos mesmo - de voltar a sonhar que isso é possível. Sem obsessões, mas com a certeza que é isso que queremos.
Sem abdicar do presente, nem hipotecando o futuro, mas fazendo dessa meta um sonho concretizável. 
Mudando o que tem de ser mudado, para que possamos acreditar.
Eu sei que viemos de onde viemos, e estamos onde estamos.
Mas sabem, todos os que me conhecem, que sempre discordei da construção de modelos em que o objectivo da época não seja o de ganhar tudo.
Não o de atingir esta ou aquela fase de cada competição, mas, antes, procurar ganhar, ganhar sempre.
Foi assim que COSME DAMIÃO imaginou o BENFICA.
Foi assim que outros - dos mais desconhecidos aos mais famosos dos que tiveram a honra de servir o BENFICA - construíram o BENFICA.
Foi assim e será assim.
Onde a palavra ganhar - ganhar sempre, desportivamente seja o limite.
Poderei não ganhar? Claro.
Mas o primeiro passo para o não conseguir é... admitir que o não vou conseguir.
Ou, adaptando uma das partes mais famosas do discurso inaugural de John Kennedy, como Presidente dos EUA (*), «poderemos não ser CAMPEÕES EUROPEUS daqui a 100, nem, talvez, daqui a 1.000 dias, mas nunca o voltaremos a ser se não começarmos, já, a pensar nisso».
«Nada disso estará concluído nos primeiros cem dias. Nem se concluirá nos primeiros mil dias, nem durante este mandato, nem mesmo, talvez, durante a nossa vida na Terra. Mas devemos começar.»

SE EU FOSSE...
...adepto do Arouca...
Questionava-me (se é que é mesmo verdade...) porque é que a minha equipa, no último jogo, foi estagiar para S. João da Madeira e o adversário veio estagiar para Arouca... Questionava-me (se é que é mesmo verdade...) porque é que, no último jogo, a relva do meu Estádio teria sido cortada contra a vontade de alguns responsáveis... Questionava-me (se é que é mesmo verdade...) porque é que, no último jogo, um dos jogadores que estava na («ficha técnica», foi para a bancada, de forma a poder dar lugar a um protesto... Questionava-me (se é que é mesmo verdade...) porque é que, no último jogo, o autocarro parou tantas vezes entre o Hotel e o Estádio, com supostas avarias...

...Manuel Machado
Também teria dito que «se Julen Lopetegui ou Marco Silva estivessem no Benfica, com aquele plantel, também eram Campeões». Como também diria que, se o Manuel Machado estivesse a treinar uma certa equipa... com este plantel, também era candidato ao título,... embora talvez fosse à Liga dos Campeões (e não à Liga Europa)... por bem menos dinheiro."

Rui Gomes da Silva, in A Bola