sábado, 17 de outubro de 2015

O Benfica-Sporting? Ainda faltam mais de... 2 semanas!

"Nunca poderemos entrar no jogo de quem sendo 'pequenino', precisa de muito barulho para se colocar ao nosso nível...

Lições da política que não devemos esquecer no futebol
1. Há lições da política que não devemos esquecer no futebol! Porque, à imagem daquela, também este é um campo de confronto.

Não de um confronto de ideias mas, antes, de um confronto de resultados. Esta é a especificidade do futebol, onde - por mais que existam valores, ética, princípios, capacidade, inteligência, estratégia ou conhecimento - tudo cede perante o resultado (ou, como diria José Mourinho, «o resultado é que faz o espectáculo»).

Onde se pode fazer tudo bem e perder, sendo-se um perdedor... ou fazer tudo mal e ganhar, sendo-se neste caso, um verdadeiro vencedor. De facto, a vitória - como sabemos da história dos últimos 30 anos do futebol português - fez jus a esse princípio maquiavélico, onde os fins (os títulos) justificaram, muito especialmente para quem os ganhou, a forma (os meios) como foram conquistados, de que o processo Apito Dourado é o expoente máximo!

O problema, hoje, é alguém querer repetir soluções de poder que germinaram e tiveram a sua época há 30 anos, como se o mundo não tivesse evoluído.

Ou não perceberem que, para além do tempo em que essas formas de poder foram desenhadas e concretizadas, contaram com a conivência de muitos silêncios, bem como com a colaboração activa e empenhada de muitos agentes políticos e judiciais, que, como o escrutínio e a vigilância actuais, não podem mais existir.

Ou seja: repetir o Porto, dos anos 80, em Lisboa, neste nosso tempo, só lembra a um «aprendiz de feiticeiro»!

O radicalismo como forma de evitar a marginalização
2. Os novos líderes hoje emocionam-nos, interagem,... e até erram.
Não se apresentam como seres superiores que não se enganam, sempre prontos a atirarem para os seus fiéis lacaios a culpa de alguma coisa que possa não ter corrido bem.

E não dará para desconfiar saber que - com tanta asneira feita - nem uma pode ser assacada ao líder do projecto?

Se até, na Igreja, se vai questionando o dogma da infalibilidade do Papa, será que estarão dispostos, numa qualquer agremiação, onde a esperança na vitória se vai assemelhando a uma miragem... do além, a não questionar a responsabilidade por tanto erro?

Diziam os antigos romanos que, se não tiveres um amigo que te corrija, paga a um inimigo. Eu sei que, por aquelas bandas, inimigos é o que há mais. Inimigos, até, entre os antecessores, numa limpeza geral de destruição de tudo o que possa representar perigo de derrota num próximo ato eleitoral.
Melhor do que ganhar nas urnas é impedi-los de concorrer.

Mas o que mais me entusiasma, nesta fuga desesperada para a frente é o recurso ao radicalismo como forma de evitar a marginalização.

É uma prática comum, entre pequenos partidos, quase todos com projectos caudilhistas de poder, como o será entre clubes pequenos ou médios, acossados e com projectos de sobrevivência pessoal. Recorrem, assim, ao messianismo, à comparação entre o antes e depois, numa atitude maniqueísta, de forma a poderem legitimar-se... para todo o sempre.

Sabemos, por experiência, que o todo o sempre acaba, quase sempre,... ao virar da esquina. E melhor seja que acabe, para quem gosta da instituição em causa, por que... se demorar um pouco mais, quando virarem a esquina, apenas depararão com o que restará desse clube (e será muito pouco),... como outros sabem de saber feito!

Como sempre (como em Nuremberga, por exemplo), os fiéis de sempre tentarão desculpar-se de forma a que o mal seja apenas da responsabilidade de um só.

Como estarão, então, enganados e... arrependidos!

Um líder arrogante evita discutir ideias
3. Sabemos, também, que um líder arrogante e que gosta de se armar em militante de base faz as delícias dos... militantes de base.

Evitando discutir as suas ideias (talvez porque não as tenha), nem que para isso tenha de só falar das ideias dos outros.

Como o Presidente de um clube agradará aos seus consócios se for básico, se enquistar e destilar ódio pelo emblema mais odiado desses mesmos sócios (por muito que os do outro lado já não lhes liguem nada, porque o tempo é implacável).

Aqueles agradecer-lhe-ão penhorados, mas esse mesmo chefe perderá toda a relevância junto dos líderes de opinião, daqueles que farão e formarão ideias sobre o seu futuro e sobre o futuro da instituição a que preside.

A que se juntará a falta de bom senso, de estabilidade e de visão para inventarem um futuro que não seja o da maledicência!

Pode, até, aumentar o número dos respectivos adeptos e simpatizantes em 50% e reduzir o número de adeptos e simpatizantes dos outros, também em 50% (um critério uniforme, há que reconhecê-lo)! Mas isso não trará nem mais um voto - quando eles forem precisos...

Sabemos que... «a fama e tranquilidade não coexistem».

Mas daí a aceitar como lei o princípio de que «quem não é por mim, é contra mim» vai uma grande distância.
Outros clubes - nunca nos cansámos de o repetir - enveredaram, em momentos concretos da sua história, por experiências parecidas.

Pois nem assim perceberão como acabam?

Pelo meio, encarregarão alguém de reescrever a história com elogios e hossanas ao novo poder e de morte ao antigo regime.

Sabemos como começa e - hoje, também - sabe-se como acaba... Acabando, de vez, com quem a quis reescrever.

Ganha quem merece, não quem faz mais barulho
4. Se é verdade que a obstinação leva à ditadura (sendo o poder absoluto uma das causas da decadência dos povos peninsulares, no dizer de Antero de Quental...), então teremos de deixar a falar sozinho quem opta pela conflitualidade gratuita, para, em bicos de pés, se tentar parecer com os Homens.

Já lá vai o tempo em que os jovens infantes se tentavam libertar das garras da adolescência desafiando os maiores, os senhores para torneios, primeiro,... duelos, depois,... rixas, já nos nossos tempos...

Tentando a afirmação - num mundo onde poucos lhe ligam - apenas e só pela criação de conflitos!

Tenho (para mim) que nunca se deve responder a mentiras de uma só fonte, de uma só origem, criadas em laboratório unipessoal, porque apenas estaremos a servir de câmara de eco a tanta asneira e a fazer o jogo de quem as lança...

Nunca devemos responder a provocações gratuitas!

Nunca poderemos entrar no jogo de quem, sendo pequenino, precisa de muito barulho para se colocar ao nosso nível...

Não devemos, por isso, transformar uma vontade inconsciente de vingança (que poderia ter passado pela cabeça de todos e de cada um de nós) numa guerra declarada.

Com a calma que eles não têm - a pretensa juventude faz com a insensatez, a má criação e a impreparação passem por voluntarismo - haveremos de construir a nossa vitória.

Dizia Albert Einstein que «só os loucos é que, continuando a fazer as mesmas coisas, querem ter resultados diferentes»!

Pois alguém achará que os loucos querem fazer as coisas de outro modo?
Ou que... deixaram de ser loucos?
Sendo assim,... ganharão os mesmos dos últimos anos!!!"

Rui Gomes da Silva, in A Bola

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

a caminho do TRICAMPEONATO?

"Recuso-me a ver nos outros máquinas vencedores perfeitas... nos fins de semana em que não empatam ou perdem...

«No futebol não há tempo, não há futuro»
Pepe Guardiola
No desporto de alta competição, como é o caso do futebol, «não há tempo, não há futuro». Disse-o Pepe Guardiola. Vem isto a propósito da mudança, na classificação do campeonato nacional, que aconteceu este fim-de-semana.
Para alguns, há uma semana, o Benfica estava completamente afastado do título.
Para os mesmos, esta semana, o Benfica passou a ser um campeão com elevado potencial para conquistar o Tri.
Não entro em euforias... como me recuso, também, a entrar em depressões!
Não alinho na máquina de alguma comunicação social, que tem como grande preocupação vender à custa dessas alterações de estado de alma dos sócios, adeptos e simpatizantes do Benfica.
Como me recuso a ver nos outros - só porque mantiveram um treinador ou só porque passaram a ter como treinador alguém que no Benfica ganhou alguma coisa - máquinas vencedoras perfeitas... nos fins-de-semana em que não empatam ou perdem!
Por isso - sem qualquer entusiasmo excessivo, mas com todo o realismo - eu acredito na conquista do Tricampeonato pelo Benfica!
Mas, para se perceber porque acho muito realista a possibilidade do Benfica ser novamente campeão,... porque não perder algum tempo a analisar cada uma dessas três equipas?

O que vale esta equipa do Porto?
O Porto contratou um guarda-redes mediático. A julgar pelo que leio, ainda não percebi o que vale Casillas (com quem, reconheço, simpatizo muito... como jogador e como personalidade).
Ele é, efectivamente, a tal mais-valia, capaz de ser determinante num plantel mediano, como vejo, agora, na comunicação social, ou é o guarda-redes velho e ultrapassado que a mesma comunicação social reconhecia em Casillas, com todos os defeitos do mundo,... quando Mourinho o colocava no banco de suplentes, no Real Madrid, e essa mesma comunicação se atropelava para bajular o special one em versão meseta castelhana?
Não acredito que os jornais portugueses sejam chauvinistas.
Portanto, tenho que reconhecer que os jornais portugueses tinham, na altura, razão: Casillas já não é o guarda-redes que era!
Quanto à defesa do Porto, Danilo foi para o Real Madrid, o que significa que é muito superior a Maxi Pereira (senão, teria sido este a rumar ao Santiago de Barnabéu).
Qualquer defesa-esquerdo que encontrem será, sempre, muito pior que Alex Sandro.
Como, diga-se em abono da verdade, Quaresma é muito melhor que Varela ou Jesus Corona.
Óliver Torres é manifestamente superior a André André, pois, se assim não fosse - até pelo preço - este estaria no Atlético de Madrid e não no Porto.
Jackson Martínez é muito melhor que Pablo Osvaldo e Aboubakar juntos - não é, comunicação social? Ora, com estas comparações, será fácil concluir que o Porto este ano é bem inferior ao Porto do ano passado. Este plantel, bem mais fraquinho, não pode, por isso, ser comparado com o melhor plantel desse clube desde há 30 anos - que perdeu tudo na época para um plantel jeitoso do Benfica - e que até queria ser Campeão Europeu (até aos 6-1 de Munique).
Melhor, apenas, no meu critério de análise, Imbula, apesar de ter de jogar onde joga Danilo Pereira (não confundir com o Danilo que foi para o Real Madrid) mas cuja presença na equipa agrava as dificuldades na construção de jogo...
Como se isso não bastasse, o Porto tem, entre si, aquele que é a grande esperança das equipas e dos adeptos adversários (e que faz desesperar os seus próprios adeptos): Julen Lopetegui, ou como li, este fim-de-semana (para nós),... o homem errado no lugar certo.
Ainda assim, acham que este Porto é o principal candidato ao título?
Olhem que não...

E este Sporting?
E o Sporting? Está melhor que o ano passado? Sim, claro! Embora não fosse difícil. Mas, vejamos... Rui Patrício... perdoem-me a minha fixação, será o melhor guarda-redes português!
Mas, para além de não ter pés - como, aliás, se viu no jogo do Bessa -, defende o que é difícil e falha o que é muito fácil...
Continuo a achar que não é o guarda-redes que dizem ser... por quem tem a obrigação de analisar objectivamente a realidade.
Os mesmos que já fizeram do Sporting o campeão nacional desta época que ainda há pouco começou.
E que nem a recente eliminação da Liga dos Campeões, com o CSKA, e a derrota com Lokomotiv esmoreceu (talvez o problema seja, efectivamente, da Gazprom).
Relativamente à defesa, é melhor que a do ano passado, mas não existe uma diferença abissal entre elas.
Já no que diz respeito ao meio campo leonino, são jogadores feitos, sem grande pulmão, para aguentar a época em Portugal...
Aquilani e Bryan Ruiz são jogadores de uma qualidade espantosa, mas lentos, o que não joga com o tipo de jogo do novo treinador leonino.
Teófilo Gutiérrez dará mais soluções à equipa mas não será capaz de desequilibrar em todos os jogos. 
Jogador com velocidade, como ele gosta, só Gelson, no pressuposto que Carrillo não vai jogar mais até ao fim da época - o que, sinceramente, duvido!
Apenas para memória futura,... estou perfeitamente convencido de que chegará a acordo nos próximos dias com o Sporting para jogar até ao fim do ano, sendo vendido em Janeiro. Essa é a minha convicção!
Uma vantagem para não ser tudo mau: o Sporting manteve a dupla atacante.
E se, cada vez mais, gosto de Slimani (um Óscar Cardozo em projecto), já quanto a Fredy Montero, embora goste de o ver, continuo sem perceber como, como tantos bons jogadores por aqueles lados, naquela posição, pôde ser considerado, há dois anos, como o exemplo de avançado que o Sporting gostaria de formar e de ter...
Por fim, mas não menos importante, o treinador foi três vezes campeão nacional no seu antigo clube, o Benfica,... sempre com algumas dificuldades, com três equipas diferentes, embora bastante superiores às do Sporting de hoje.
Jorge Jesus, no seu primeiro campeonato conquistado pelo BENFICA, em 2009/10, jogava, então, com Quim, Maxi, Luisão, David Luiz, Fábio Coentrão, Javi García, Ramires, Aimar, Dí Maria, Saviola e Cardozo.
Bem melhor que o Sporting actual.
Sabem como acabou?
Com 5 pontos de vantagem, para o segundo classificado, o Braga, porque na última jornada este perdeu no Nacional e o Benfica ganhou, em casa, ao Rio Ave,... 2-l.
No segundo campeonato que conquistou, em 2013/14, o Benfica terminou com uma distância de 7 pontos para o segundo classificado, o Sporting, mas jogavam então, Oblak, Maxi, Luisão, Garay, Siqueira, Fejsa, Enzo, Gaitán, Salvio, Lima e Rodrigo e ainda tivemos Artur, Jardel, Matic, Markovic, André Gomes e Cardozo.
Bem melhor que o Sporting actual.
No terceiro e último campeonato conquistado, na época passada, o BENFICA terminou com mais 3 pontos que o segundo classificado, o Porto.
Nessa equipa, jogaram Júlio César, Maxi, Luisão, Jardel, Eliseu, Samaris, Gaitán, Salvio, Talisca, Lima e Jonas, para além de Enzo, Fejsa e Pizzi.
Bem melhor que o Sporting actual.
Ou seja, o treinador do Sporting só ganhou quando tinha grandes equipas... algo que actualmente, reconheçamos, não tem!
Tudo isto para não falar das equipas do Benfica dos campeonatos perdidos contra as super equipas do Porto lideradas por, então, treinadores de grande nível mundial como Villas Boas ou Vítor Pereira, que... nunca tinham ganho nada até então e que pouco ou nada ganharam desde então!!!
Face a esse cenário, amigos do Sporting, estão a ver o que vos espera???

Quanto ao Benfica...
Já sabem que do Benfica... nada ou muito pouco sei... Mas, como se sabe, a equipa está a adaptar-se a uma nova realidade.
De facto, a grande mudança é a do treinador e tudo o que isso implica: novas ideias e novos métodos de treino. Finalmente, temos um treinador que sabe o que é ser do Benfica, que prometeu dar a vida pelo clube e que sabe que o símbolo é mais importante que qualquer jogador.
Isso não o fará vencer, nem o tornará imune a qualquer crítica construtiva, mas que ajuda,... lá isso ajuda. E muito!!!
Essa será a grande diferença do Benfica deste ano.
Por isso, penso que será, apenas e só, uma questão de tempo.
Vamos a isso, Benfica?"

Rui Gomes da Silva, in A Bola

domingo, 27 de setembro de 2015

a graçola de Pinto da Costa...

"Há uma estratégia clara do FC Porto, que usa, como instrumento dessa estratégia, o Sporting. É a história do... Cavaleiro da Triste Figura.

A sorte nos últimos minutos
Não fujo do problema: o BENFICA perdeu um jogo. Mas perdeu, onde, nas últimas seis épocas, apenas tinha ganho uma vez para o Campeonato.
Perdeu, outra vez, nos últimos minutos.
Que nos sirva de lição, para tudo o que resta da época.
Porque, como sempre disse, seria um jogo que contaria para a história do futebol, mas não vaiCONTAR para a história deste Campeonato.

Compras por atacado sem ganhar nada
Sabem o que penso sobre o grau crescente de conflitualidade no futebol português. E mesmo quando ninguém contribuiu, antes do jogo de domingo, para isso, a necessidade do Porto provocar o BENFICA, mesmo depois de ter ganho, atesta o quanto estou certo.
Nem sequer será preciso invocar Voltaire - «Quem se vinga depois da vitória, é indigno de vencer» - para os classificarmos na hierarquia do género humano (porque, sobre isso, estamos conversados).
Confirmando o que penso, já depois do jogo de domingo, Pinto da Costa afirmou que «o que falta ao Benfica, sobra ao Sporting - Jorge Jesus».
Não passa de mais uma graçola, mas confirmando tudo aquilo que tenho denunciado nos últimos tempos: há uma estratégia clara do Porto, que usa, como instrumento dessa mesma estratégia, o Sporting.
Numa versão portuguesa e (muito pouco) moderna do livro de Miguel de Cervantes: El Ingenioso Hidalgo de Don Quijote de la Mancha... ou a história do Cavaleiro da Triste Figura...
É público e notório que o Porto precisa de ganhar... pelo investimento feito nas últimas 2 épocas, em particular, e pela aposta, pessoal, do seu Presidente, num treinador que teima em pôr os cabelos em pé aos fiéis adeptos daquele emblema.
É público e notório que o Porto - e, muito em particular, o seu Presidente - terão de provar que todas as contratações feitas nestas três últimas épocas, sem nada ganhar, só serão justificadas com o Campeonato, este ano.
É, ainda, público e notório - do que se tem visto, neste início de época e ao longo de toda a temporada passada - que o Porto não convencer com o seu jogo, sendo disso exemplo as opções do seu treinador, que, não raras vezes, são veemente contestadas pelos seus adeptos.
Por esses motivos - públicos e notórios - e como precisa urgentemente de ganhar, o Porto tem de apostar fortemente na estratégia em que tem vindo a insistir, desde o fim da época passada.
Só não vê quem não quer ver ou... quem anda distraído!
Por diversos meios (declarações, entrevistas, blogues, etc.), a estratégia passa, essencialmente, por ataques violentos à arbitragem, por tudo e por nada, mesmo quando são beneficiados, como aconteceu no domingo. 
Estão contra os árbitros e contra Vítor Pereira, em particular, porque sonham com as nomeações de outros tempos.
Mas, perceberam que uma estratégia deste tipo só condiciona se tiver a participação e o empenho do seu dirigente máximo.
Por isso o Presidente fala, sempre, para enquadrar as escolhas, para anunciar o que quer e o que espera quem não quiser o que ele anuncia.
Essa estratégia, imoral nos seus pressupostos, é capaz de tudo e do seu contrário: não é escrutinável porque no futebol não há memória.
Por isso se admite, sem qualquer contraditório de jornalistas e analistas que temem a violência, que Artur Soares Dias tenha passado de árbitro muito contestado, incompetente mesmo, a... árbitro adorado.
Não estranhei a ausência de críticas à sua nomeação, como não estranhei a ausência de cartões vermelhos quando Maxi e Maicon recorreram à mais pura agressão.
O que estranharia era eles terem ficado em campo, se fossem... do BENFICA!!!
Na verdade, fiquei com a certeza de que eles, como jogadores do Porto, sabiam o que podiam fazer... 
Porque sabem até onde podem ir... E podem ir muito longe, porque nenhum dos seus comportamentos - nenhum, mesmo - é sindicável (como o seria no BENFICA e, diga-se, em abono da verdade, no Sporting). 

Um aliado tipo 'pau para toda a obra'
A estratégia poderá, de facto, ter sido urdida com cuidado. Mas peca por defeito! Porque nada chegará para disfarçar a grande falha do Porto e que desde a época passada se tem tornado no maior dos seus problemas: a contratação daquele treinador.
Não querem (ou não podem)REPARAR directamente essa falha.
Pelo que tentam, apenas, disfarçá-la, com um investimento louco e desesperado e com constantes ataques e condicionamentos da arbitragem.
Por muito que isso custe, a quem (situando-se nos meus antípodas) vive o Porto com paixão de adepto (mesmo aqueles que perdem tempo a insultar-me, o que aqui, publicamente lhes agradeço).
Como se tem visto, neste início de época e ao longo de toda a temporada passada, o Porto não tem um treinador como... eles gostariam!
Por isso, como disse e repito, durante esta época (como no fim da de 2014/15) ao mínimo deslize ou imprevisto - é só uma questão de tempo - a culpa será de Vítor Pereira, preparando, assim, a segunda vaga de assalto; tipo wehrmachtalemã (confesso não ser piada aos 6-1 de Munique da época passada).
Mas essa estratégia precisa de um amigo em Lisboa... embora com um problema existencial entre mãos: um treinador que se acha maior do que tudo onde está - quase maior que o seu próprio ego - e um Presidente que pensa, para com os seus botões: «Com aquilo que lhe pago, até com os juniores tem que ser Campeão.»
O Sporting, ao contrário do Porto, não me parece ter qualquer estratégia.
Limita-se a seguir os acontecimentos, a cavalgar as ideias que surgem, o que, algumas das vezes, merece a simpatia e a complacência que temos para com os... românticos (em termos literários, como é evidente). 
Mas quase se confunde com o Porto, na ânsia de, juntos, evitarem a conquista do Tricampeonato pelo BENFICA!
A luta pelo campeonato - nunca é demais repeti-lo, para que esteja bem presente nas nossas mentes - não é a três, como seria suposto, mas, evidentemente, a dois.
Porque, para os outros dois, a nossa derrota serve... só depois se preocupando em cuidar de quem ganha. 
O que levará - não se admirem dentro de poucos dias a que o Sporting também culpe... Vítor Pereira (até do caso Carrillo ou dos desaires na Europa)!

A organização do Benfica
Perante tudo isto... «parece que o mundo inteiro se uniu para nos tramar», como canta Rui Veloso? Não acredito, e mesmo que assim fosse, temos de vencer esse mesmo mundo.
Não numa afirmação contra a conspiração de mais uma guerra das estrelas(cadentes e decadentes) mas com a capacidade e a organização do BENFICA.
Se assim não for, eles ganharão.
Mas - pior - voltaremos ao princípio, com mais dificuldades e menos tempo para recuperar.
Por isso, o melhor é ganhar.
Pelo BENFICA."

Rui Gomes da Silva, in A Bola

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Campeão Europeu: um sonho por concretizar

"Apenas se precisa de 6 jogos de regularidade e depois de 9 jogos onde o nosso desejo de vencer seja superior ao desejo que os outros possam ter.

Começou, esta 3.ª feira, a participação do BENFICA na Liga dos Campeões 2015/16. E logo com uma vitória clara coisa de que estávamos desabituados, nestas andanças, há alguns anos!
Mas e porque vem tudo a propósito, vale a pena falar do que penso ser a real possibilidade de um BENFICA CAMPEÃO EUROPEU.

UMA OPORTUNIDADE QUE NÃO PODEMOS VOLTAR A PERDER
O futebol tem destas coisas! Todos os anos se renovam os plantéis, se preenchem as supostas falhas do ano anterior, se reacendem as esperanças de voltar a ganhar.
No que se refere ao futebol europeu, a participação na Liga dos Campeões é um marco único.
Na passada terça feira, convivi com elementos da estrutura profissional do Astana e percebi a importância que tem poder estar numa competição deste tipo, para quem nela... não costuma estar ou, como era o caso, nunca tinha estado.
Somos, por isso, pobres e mal agradecidos sempre que, podendo aproveitar essa oportunidade, a desperdiçamos sem qualquer valoração extra.
Infelizmente, foi isso que aconteceu ao BENFICA, nos últimos anos.
E nem sequer se poderá dizer que, a esse mesmo desperdício, correspondeu uma hegemonia total no nosso País.
Só aí se poderia perceber o ter abdicado de uma participação de grande nível na Liga dos Campeões para apostar em tudo ganhar cá dentro.
O problema é que não foi essa a realidade que vivemos.
Por isso, este ano não poderemos deixar de aproveitar a oportunidade de passarmos a fase de grupos da Liga dos Campeões e, depois, ir, jogo a jogo, construindo o sonho de, mais ano, menos ano, voltarmos a ver o BENFICA CAMPEÃO EUROPEU!

MALDIÇÕES À PARTE, EU ACREDITO
Sabemos, todos, das histórias contadas e recontadas, romanceadas e deturpadas de uma maldição que nunca o foi nos termos em que, hoje, a damos como certa. Mas, também aí, não basta querer, nem sonhar... para a obra nascer.
É preciso ser consequente, interiorizar que tal é possível, apesar das dificuldades e das poucas hipóteses que vamos tendo.
Porque o primeiro passo para que o BENFICA possa voltar a ser CAMPEÃO EUROPEU... é acreditar. 
Para que, com base nessa ideia, nesse objectivo, nesse fim, tudo seja construído à volta disso mesmo!
Tudo pensado em volta desse desígnio, construído em ciclos de 3 anos, para que voltemos a ser o que a geração dos nossos Pais conseguiu... porque acreditou!
Sem afastar as nossas limitações orçamentais, mas adequando uma estratégia de construção da equipa a esse fim! Sem cometer loucuras, mas potenciando os vectores que nos têm tornado especiais entre os clubes europeus!
Contando com a já famosa formação e... perdoem-me os que não o sentem... com esse adicional de alma que poderemos ter com jogadores que, antes de entenderem o BENFICA como plataforma para outros voos, verão o BENFICAcomo o clube certo para voar muito alto!

UMA EQUIPA, MAIS DO QUE ONZE GRANDES JOGADORES
Contava-me o meu Pai que o segredo da primeira Taça dos Campeões e, depois, da segunda, já com Eusébio, era ter um pouco de tudo.
De grandes jogadores, mas de alguns outros que não virando a cara à luta, eram exemplos dessa raça... à BENFICA!
Podiam, algumas vezes, até, chutar para onde estavam virados, mas nunca se deixavam de se virar para o lugar onde a vitória lhes sorria.
Desses exemplos, dessas vitórias, fixamos, para sempre, a grandeza que, hoje ostentamos.
Não acho, por isso, como se depreende da história recente, que só cheguem às finais os que mais pagam e os que mais gastam.
Como acho possível que voltem a ganhar os que não sendo, porventura, os melhores, provem merecer ganhar porque... o foram em circunstâncias muito especiais.
Apenas se precisa - valendo este apenas tudo o que queiram imaginar - de 6 jogos de regularidade, com uma ou outra excepção de grandes exibições, e, depois, de 9 jogos onde - se é verdade que a sorte tem de ajudar - o nosso desejo de vencer seja superior ao desejo que os outros possam ter.
E, já agora, um Treinador que não perceba só de futebol porque (como muito bem diz o Professor Manuel Sérgio)... «quem só percebe de futebol, não percebe nada de futebol»!

NINGUÉM CONCRETIZA UM SONHO SE NÃO O TIVER
, porém, um princípio anterior, válido para tudo isto. Temos - todos, todos mesmo - de voltar a sonhar que isso é possível. Sem obsessões, mas com a certeza que é isso que queremos.
Sem abdicar do presente, nem hipotecando o futuro, mas fazendo dessa meta um sonho concretizável. 
Mudando o que tem de ser mudado, para que possamos acreditar.
Eu sei que viemos de onde viemos, e estamos onde estamos.
Mas sabem, todos os que me conhecem, que sempre discordei da construção de modelos em que o objectivo da época não seja o de ganhar tudo.
Não o de atingir esta ou aquela fase de cada competição, mas, antes, procurar ganhar, ganhar sempre.
Foi assim que COSME DAMIÃO imaginou o BENFICA.
Foi assim que outros - dos mais desconhecidos aos mais famosos dos que tiveram a honra de servir o BENFICA - construíram o BENFICA.
Foi assim e será assim.
Onde a palavra ganhar - ganhar sempre, desportivamente seja o limite.
Poderei não ganhar? Claro.
Mas o primeiro passo para o não conseguir é... admitir que o não vou conseguir.
Ou, adaptando uma das partes mais famosas do discurso inaugural de John Kennedy, como Presidente dos EUA (*), «poderemos não ser CAMPEÕES EUROPEUS daqui a 100, nem, talvez, daqui a 1.000 dias, mas nunca o voltaremos a ser se não começarmos, já, a pensar nisso».
«Nada disso estará concluído nos primeiros cem dias. Nem se concluirá nos primeiros mil dias, nem durante este mandato, nem mesmo, talvez, durante a nossa vida na Terra. Mas devemos começar.»

SE EU FOSSE...
...adepto do Arouca...
Questionava-me (se é que é mesmo verdade...) porque é que a minha equipa, no último jogo, foi estagiar para S. João da Madeira e o adversário veio estagiar para Arouca... Questionava-me (se é que é mesmo verdade...) porque é que, no último jogo, a relva do meu Estádio teria sido cortada contra a vontade de alguns responsáveis... Questionava-me (se é que é mesmo verdade...) porque é que, no último jogo, um dos jogadores que estava na («ficha técnica», foi para a bancada, de forma a poder dar lugar a um protesto... Questionava-me (se é que é mesmo verdade...) porque é que, no último jogo, o autocarro parou tantas vezes entre o Hotel e o Estádio, com supostas avarias...

...Manuel Machado
Também teria dito que «se Julen Lopetegui ou Marco Silva estivessem no Benfica, com aquele plantel, também eram Campeões». Como também diria que, se o Manuel Machado estivesse a treinar uma certa equipa... com este plantel, também era candidato ao título,... embora talvez fosse à Liga dos Campeões (e não à Liga Europa)... por bem menos dinheiro."

Rui Gomes da Silva, in A Bola